Crack, questão de saúde pública

O crack é de origem americana e iniciou-se nos anos 70 atingindo grande parte da população dos EUA e nos dias atuais a droga é encontrada facilmente em nosso país. O entorpecente é extraído da pasta de cocaína e posteriormente misturado com outras composições. A droga é sólida e geralmente é fumada, sua fumaça chega ao sistema nervoso central em dez segundos por ser absorvida de modo rápido pelos pulmões, entrando quase instantaneamente na corrente sanguínea e seu efeito dura de três a dez minutos.

No Brasil o aparecimento do crack é relativamente recente, surgindo após a Constituinte de 1988 e já no início da década de 90 quase 400 mil pessoas já haviam provado o entorpecente. Nos dias atuais é estimado que o número já tenha chegado a quase dois milhões de usuários. Decorrência do rápido crescimento, conhecedores do assunto entendem que o país vive uma calamidade, sendo caso de saúde pública. Afinal, os efeitos da droga arruína a vida dos usuários e de seus familiares. Apesar de vários meios de comunicação divulgarem que o entorpecente é utilizado por jovens e crianças de rua, o crack já atingiu os lares das famílias de classes média e alta.

Em relação à saúde do usuário, a medicina reconhece que a utilização do crack promove mais de 50 problemas, que envolvem assustadoramente os sistemas circulatório, nervoso os pulmões e os rins. O entorpecente causa danos irreversíveis ao funcionamento dos neurônios, trazendo sérios obstáculos para capacidade de concentração e para cognição. Aumenta expressivamente a aceleração do coração, causando aumento de pressão arterial e arritmias. Em pouco tempo o usuário do crack pode sofrer um infarto miocárdio e em alguns casos, mais graves, pode ocorrer parada cardíaca.

Diversas pesquisas são divulgadas sobre o assunto, mas o crack é o caos da vez para a saúde pública desse Brasil. Para se ter ideia, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo realizou recentemente pesquisa com 270 viciados em crack, constatando que quase 50% dos usuários possuem parente ou amigo que morreram assassinados. Dentre os pesquisados, 87% já se envolveram em atos violentos e 62% participaram de furtos e roubos e 48% já foram presos. Todos descreveram possuir algum problema de saúde, sendo 92% de doenças respiratórias, 84% doenças cardiovasculares; 75% depressão e paranoias; 20% tentativas de suicídio e 65 déficit de memória.

Uma alternativa, para amenizar a situação, seria talvez, ampliar a responsabilidade da SENAD - Secretaria Nacional de Combate às Drogas sendo uma medida que se reduziria o avanço do crack, mas não chegaríamos ao resultado necessário. Porventura, o resultado eficaz seria fazer como o presidente americano Barack Obama, recuperar toda política de combate aos entorpecentes, incluindo a partir da medida o tratamento do viciado como questão de saúde pública, obviamente acirrando a prevenção a uma robusta repressão.

 

ANDRÉ MARQUES é advogado, consultor, escritor e Doutorando em Direito. andremarquesadv@hotmail.com / www.twitter.com/andremarquesadv

 

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