Tristes espetacularizações

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“Tudo o que vocês quiserem que as pessoas façam a vocês, façam-no também a elas.” (Mateus 7,12 e Lucas 6,31)

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A tragédia que marcou a morte da menina Isabella Nardoni em março de 2006 foi uma barbaridade sem precedentes nas recentes histórias deste Brasil. O crime foi cruel e chocou todo Brasil – quanto à história todos já sabem muito bem, não sendo necessário descrever neste espaço. Ocorre que mais desumano, foi o show que produzido e que ainda vem sendo divulgado pelas emissoras de televisão deste país, que nos dá entender que abandonou outras matérias existentes, concentrando quase todo seu espaço da programação no tema.

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Incontestavelmente o assunto do recente julgamento e tanto do fato apresentava condições para ocupar espaço das programações dos canais de televisão, que é abonado pelo tevente que quase em unanimidade manifestava pela condenação do pai e da madrasta da menina através do júri popular.

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Sabemos que os canais de televisão vivem de audiência, onde os todos disputam a liderança em audiência, e a maioria deles visam aumento nos faturamentos de publicidades. Entretanto, para conseguir o ranking em audiência, os canais não importam quais sejam as notícias trazidas ao público, interessando somente na fidelidade e liderança de seus telespectadores a qualquer custo. Seja na saudável boa notícia ou na desgraça dos outros.

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De forma notória em decorrência da espetacularização das emissoras de televisão, o assunto virou show no Brasil. Num país onde existem várias outras matérias que mereciam ser trazidos pelas reportagens e sequer é divulgado pelas programações das emissoras de televisão. Sabemos que diversas e diversas pessoas em São Paulo, onde ocorreu à tragédia estão passando fome por falta de empregos e não existem campanhas das emissoras para ajuda-los, como também em outras regiões do país existem pessoas da mesma forma e nada a favor delas ocorre na mídia. Quantos outros problemas existem neste Brasil e ninguém divulga no intuito de ajudar? Todos sabem que no Rio de Janeiro, traficantes mandam e desmandam em favelas e as emissoras de televisão não dedicam tempo necessário, seja cobrando das autoridades competentes, seja orientando a população. A dengue, aids, drogas, violência e outras deficiências presentes no próprio estado brasileiro são destruições que estão dominando o Brasil a cada dia e sendo pouco combatido nas programações dos canais de televisões.

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No caso em tela (Nardoni)! O brasileiro seria daqueles de estar com prato na mão e parar de mastigar para acompanhar a desgraça dos outros? Que justiça seria essa que o telespectador tanto imagina ou sonha? Os canais de televisão que dedicam boa parte de seu tempo neste tipo de matéria adoram desgraça, pois sabem que desgraça rende dinheiro e liderança na mídia! Interessante é que o brasileiro não possui tendência para perder seu tempo com programações saudáveis - aquelas veiculadas pelos canais educativos. Seria o telespectador brasileiro um desinteressado?

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Sem mais delongas, afinal o cansaço do caso da menina Isabella já foi tedioso demais - exagero é prejudicial e notícia ruim contamina pelo lado negativo de viver. Assim, podemos afirmar que várias emissoras de televisão não possuem criatividade para trazer qualidade de vida para as famílias brasileiras. Famílias essas que grande parte não estão revestidas de conhecimento, para visualizarem os absurdos que são trazidos pela televisão. Não seria boa hora para mudar de vida, passando a observar que algumas emissoras de televisão já mudaram suas programações, trazendo educação, saúde, esporte e muito positivismo para a população brasileira. ; ;Pense nisso e mude agora mesmo para o melhor.

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ANDRé MARQUES é advogado, consultor, escritor e Doutorando em Direito.andremarquesadv@hotmail.com ;/ ;www.twitter.com/andremarquesadv

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